“O consumo exagerado de produtos com farinha branca, que se torna glicose no organismo, e de açúcares faz o pH vaginal mais ácido. Isso eleva a produção de bactérias locais, gerando a candidíase e o corrimento, que é uma das principais causas de consulta ginecológica”, explica Poliani Prizmic, ginecologista do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo (SP).
Consumir muitos produtos industrializados, com alto teor de gordura ou ricos em leveduras, como cerveja, vinho e vinagre, entre outros, também propiciam condições para o desenvolvimento da doença, segundo Lara Natacci, nutricionista do programa Meu Prato Saudável, do Hospital das Clínicas de São Paulo (SP).
Prevenção e tratamento
Naturalmente, a prevenção e o tratamento para combater a candidíase vão além da alimentação. “O problema é multifatorial e também está relacionado à qualidade de vida, ao estresse e à prevenção nos relacionamentos sexuais”, afirma Poliani Prizmic, ginecologista do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo (SP) |
Ela ressalta a importância do cuidado com a higiene íntima e recomenda o uso de sabonete líquido glicerinado sem perfume. A médica também sugere usar calcinhas de algodão e tirá-las para dormir, para ventilar a região. As lingeries devem ser lavadas, de preferência, com sabão de coco em pedra |
“Também é preciso evitar roupas muito apertadas e reduzir o uso de absorventes diários, que sufocam a região íntima”, diz |
O preservativo é fundamental para evitar a contaminação pelas bactérias e fungos que causam os corrimentos, além de prevenir as demais doenças sexualmente transmissíveis |
O tratamento da inflamação é feito com medicamentos específicos, incluindo cremes vaginais. “Produtos naturais, fitoterápicos, com lactobacilos, óleo de melaleuca e gel de aroeira também são eficazes”, relata Prizmic |
“Já cogumelos e vitamina C aumentam a imunidade e, em caso de estresse, podemos recorrer a medicamentos que equilibrem a produção de serotonina, hormônio relacionado ao prazer e bem-estar”, conclui a médica |
“Algumas pesquisas realmente observam uma melhora dos sintomas quando são retirados da dieta alimentos potencialmente alergênicos como glúten, laticínios e frutas cítricas, mas são necessários mais estudos que comprovem esta relação”, observa Natacci.
Cura começa na cozinha
Por outro lado, o caminho da cura também pode começar pela cozinha. Bebidas lácteas com lactobacilos contribuem para reequilibrar o pH vaginal. A vitamina C à base da fruta cranberry é igualmente indicada para este fim, de acordo com Prizmic.
Já quem tem sensibilidade a produtos derivados do leite deve reduzir a sua ingestão ou substitui-lo por leite de soja enriquecido. Estes recursos, aliados a uma dieta balanceada, podem ajudar a restituir a saúde íntima em um mês, segundo a ginecologista.
A nutricionista dá uma dica fácil para equilibrar a alimentação diária. “O ideal é preencher metade do prato com vegetais crus e cozidos. Um quarto do prato deve ser rico em proteínas como carne de boi, frango, peixe ou ovos, com pouca gordura, e pode ser complementado com leguminosas como feijão, grão de bico, soja e lentilha”, orienta.
“O restante deve ter carboidratos de preferência em sua forma integral, como por exemplo, arroz, massas e farinhas, além de batata ou mandioca”, acrescenta. Para o café e lanches, ela recomenda iogurtes, biscoitos de fibras, cereais integrais, torradas e frutas.
A nutricionista acrescenta que algumas ervas são especialmente úteis para a saúde da mulher, ajudando a prevenir alterações orgânicas e a diminuição da imunidade. Alecrim e gengibre têm propriedades antioxidantes, antifúngicas e antiparasitárias. O curry é antibacteriano. O orégano e a canela são antifúngicos, embora esta última deva ser evitada por hipertensas, pois estudos apontam uma possibilidade de aumentar a pressão arterial, segundo Natacci.