As câmeras de segurança da sala de reuniões da Assembleia Legislativa do Departamento (Estado) de Chuquisaca, no sudeste do país, captaram o momento em que o legislador Domingo Alcibia Rivera agarra uma funcionária de limpeza que estava encostada (e aparentemente inconsciente) em uma cadeira, arrasta-a até o chão e coloca-se em cima dela, desabotoando sua própria calça.
O vídeo foi gravado em 20 de dezembro, após uma festa de Natal, mas as imagens só vieram à tona na semana passada, divulgadas pela imprensa boliviana.
Testemunhas dizem que uma grande quantidade de álcool foi consumida durante a festa.
Alcibia Rivera, que integrava o partido de Morales – o MAS, Movimento ao Socialismo -, foi expulso da agremiação. O presidente Morales qualificou o incidente de “condenável e repudiável” e pediu que o legislador renuncie ao seu cargo na Assembleia.
Mas Alcibia Rivera negou ter havido abusos e renunciou a seu cargo para “esclarecer a denúncia”.
“Me dizem que foi um abuso, mas não foi”, disse ele a uma rádio local, dizendo-se “humilhado”. “Estava confuso porque estava bêbado e não me lembro.”
Violência contra a mulher
O promotor-geral da Bolívia pediu que as autoridades de Chuquisaca investiguem o suposto abuso, pedido reforçado pelo escritório da ONU no país.
“O que aparece (no vídeo) como uma flagrante agressão deve ser imediatamente investigada, julgada e severamente punida de acordo com a lei”, diz comunicado do organismo, ressaltando que “tantos outros casos de assédio e violência sexual contra mulheres” ficam impunes na Bolívia.
O vídeo coincide com a divulgação, na semana passada, de um relatório da Organização Panamericana de Saúde (OPS) advertindo para altos índices de violência contra as mulheres na Bolívia.
Segundo o documento, que aborda o tema em toda a América Latina e o Caribe, mais da metade das mulheres bolivianas sofreram violência doméstica em algum momento de suas vidas.
E 25,5% das bolivianas denunciaram ter sofrido abuso físico ou sexual em 2008, ano da pesquisa.
No fim de semana, Morales pediu ao Congresso boliviano que aprove “o mais rápido possível” um projeto de lei apresentado no ano passado para punir a violência contra as mulheres.