E o machismo que chegou até o nome do esmalte?

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Woman Yawning

Desta vez, a Risqué conseguiu se superar quanto ao nome dos esmaltes em sua nova coleção. Batizada de “Homens que Amamos”, a ideia era fazer uma homenagem às mulheres e, por isso, a campanha escolheu fazer um tributo, no mínimo, controverso: destacou pequenos gestos diários dos homens que, segundo a marca, agradam as mulheres.

E deu MUITO errado.

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Tons de cinza, vermelho e azul que tinham tudo para conquistar as consumidoras foram batizados de “André fez o jantar”, “Zé chamou pra sair”, “Fê mandou mensagem”, “Guto fez o pedido”, “João disse eu te amo” e “Léo mandou flores”. Perto desses nomes, os clássicos da bizarrice como “Azulcrination”, “Manjar de tapioca”, “Marshmallow de alfazema” e “Nunca fui santa” passam batido, concorda?
 
A marca explica assim, ó:
“Inspirada nos homens que fazem a diferença na vida das consumidoras e unindo dois dos assuntos queridinhos das mulheres, homens e esmaltes, nós apresentamos a Coleção Risqué Homens que Amamos. Um tributo aos pequenos gestos diários dos homens”
 
Ainda de acordo com a Risqué, em post publicado em seu Facebook oficial, a coleção foi feita “para homenagear as mulheres” e, por isso escolheu “seis atitudes que fazem qualquer mulher mais feliz”.
 
E é aí que está o problema. A ideia de homenagear as mulheres e vender um produto é válida, sim. Mas a pergunta que não sai da minha cabeça, neste caso, é: como é possível que quem desenvolveu a linha de esmaltes, com o objetivo de homenagear as mulheres, não pensou em destacar o esforço que cada uma faz ao transformar a própria realidade – como mães, trabalhadoras, estudiosas, cientistas, etc – e, que enfrentam dificuldades impostas por uma lógica machista no dia a dia simplesmente por ser… mulher?
 
Não à toa, a hashtag #homensrisque ficou entre os tópicos mais falados do Twitter e causou movimentação – e indignação – popular nas redes sociais.

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Concordo muito com a jornalista e escritora Daniela Lima, do blog Feminismo à Esquerda. Segundo ela, a peça publicitária da marca “quer vender o desejo construído numa sociedade heteronormativa de que a mulher existe para o olhar e o desejo do homem”. Tanto que, em uma das peças, é dito que os homens são “o assunto número 1 das nossas conversas”, alimentando um estereótipo de que “ser mulher” é viver em função do desejo do homem.

É só por isso que se interessam as mulheres? 
É isso que as mulheres amam nos homens? 
É assim que o universo feminino funciona? 
Para homenagear as mulheres, vamos falar dos homens?
 
Seria muito melhor se o André, o Zé, o Fê, o Guto, o João e o Léo não tratassem a mulher como objeto, pagassem pensão aos filhos – e assumissem suas responsabilidades enquanto pais, não relutassem em usar camisinha, não encoxassem no ônibus, entendessem que o “não” é “não”, que roupa não é convite, que ninguém pede para ser estuprada, que “fiu fiu” não é elogio, e que acima de tudo lavar louça, dizer eu te amo, mandar mensagem, comprar flores, chamar para sair e fazer o jantar não santifica ou mata ninguém. E que, definitivamente, todas as mulheres merecem ser respeitadas. Simples assim.

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(via Não me Kahlo)

A Risqué prometeu uma retratação, mas até o horário da publicação deste blog a empresa não se pronunciou. Enquanto isso, esta ~internet maravilhosa~, já tratou de fazer um manifesto contra os nomes dos esmaltes. Com vocês, os produtos que a Risqué deveria ter feito:

mulheres-fodas

ada-lovalace

marrie-curie

rosaparks simone-de-bovoir

 
24/3/2015
Fonte: Geledés Instituto da Mulher Negra

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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