Papéis em parede traziam regras e previam multa; havia duas adolescentes.
Dono de bares e suspeito de gerenciar local, idoso de 89 anos foi preso.
Mara Puljiz Da TV Globo, em Brasília
“Quando chegava um interessado, ele pagava o valor do programa para o bar, e a menina subia para o quarto, mas ela só recebia ao final do dia ou no dia que ia embora para sua cidade. Quem fazia mais programa, ganhava mais. O dono sempre ganhando uma parte” Johnson Kennedy Monteiro, delegado da 15ª DP”
A operação passou ainda pela QNN 3 de Ceilândia. No conjunto I, os policiais encontraram dois lotes abandonados e escuros que serviam de esconderijo para usuários e criminosos. Além da sujeira, havia vestígios do consumo e tráfico de entorpecentes. Os agentes acharam balanças de precisão portátil quebradas, além de plásticos onde eram guardadas porções de cocaína.
Entre janeiro e maio deste ano, 2.447 pessoas foram presas por tráfico de drogas no DF. Em 2014, no mesmo período, foram 1.685 prisões.
A Polícia Civil do Distrito Federal fechou três bares na noite desta sexta-feira (19) que funcionavam como “atrativo” para uma casa de prostituição na QNN 4 de Ceilândia. Os gerentes de cada um e o dono deles – um idoso de 89 anos – foram presos. Mulheres encontradas pelos agentes no local prestaram depoimento na delegacia.
Os três bares funcionavam no térreo de um mesmo prédio. No primeiro andar ficavam os quartos onde ocorriam os programas. Eles eram fechados com grades e cadeados para, segundo a investigação, impedir que clientes não saíssem sem pagar.
Policiais encontraram vários preservativos no local, além de papéis pregados nas paredes com as regras de utilização de roupas, toalhas e cobertores. Um deles dizia ser proibido lavar roupas no quarto, sob pena de multa de R$ 20. “Só pode lavar calcinha”, afirmava outro.
A movimentação dos clientes e das mulheres era registrada por câmeras. “Eles usavam as meninas para ganhar dinheiro. Elas moravam na parte de cima e ali ficou bem caracterizado como casa de prostituição. Instalaram bares na parte de baixo do prédio para atrair clientes”, disse o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia, Johnson Kennedy Monteiro.
Os agentes ainda encontraram cadernos com a contabilidade dos serviços. “Quando chegava um interessado, ele pagava o valor do programa para o bar, e a menina subia para o quarto, mas ela só recebia ao final do dia ou no dia que ia embora para sua cidade. Quem fazia mais programa, ganhava mais. O dono sempre ganhando uma parte”, explicou.
Mulheres achadas pela Polícia Civil em casa de prositituição no DF (Foto: Mara Puljiz/TV Globo)
Entre as mulheres levadas para prestar depoimento na delegacia estavam duas adolescentes de 16 e 17 anos, recém-chegadas de Goiânia. As jovens ficaram à disposição do Conselho Tutelar.
“Se elas passarem os dados, telefones, a gente liga, fala o que estava acontecendo, para ver se os próprios familiares podem vir buscá-las. Os conselheiros vão tomar a decisão se elas vão ser institucionalizadas [acolhidas] ou se vão ser entregues para a família”, disse a conselheira tutelar Eliane Ribeiro.
Os presos estão na carceragem do Departamento de Polícia Especializada. O Código Penal prevê entre 2 e 5 anos de prisão por exploração da prostituição. A operação foi batizada de Luz Vermelha.
Cadeado e grade de quarto em casa de prostituição no DF (Foto: Mara Puljiz/TV Globo)
Outras ações
A operação passou ainda pela QNN 3 de Ceilândia. No conjunto I, os policiais encontraram dois lotes abandonados e escuros que serviam de esconderijo para usuários e criminosos. Além da sujeira, havia vestígios do consumo e tráfico de entorpecentes. Os agentes acharam balanças de precisão portátil quebradas, além de plásticos onde eram guardadas porções de cocaína.
Ao todo, 80 pessoas, entre fiscais, conselheiros tutelares, policiais civis e militares e equipes da Vara da Infância e da Juventude participaram da ação. Fiscais da agência de fiscalização fecharam quatro bares que não tinham alvará de funcionamento.
Durante as abordagens, quatro pessoas foram autuadas por porte de drogas e um por receptação de celular roubado. Um adolescente também foi flagrado com porções de maconha e liberado.
Outro jovem vai responder por tráfico de drogas por estar com porções de crack e maconha, além de mais de R$ 100 em notas de R$2. Para a polícia, o dinheiro é fruto da comercialização de entorpecentes na região.
Tráfico de drogas
Entre janeiro e maio deste ano, 2.447 pessoas foram presas por tráfico de drogas no DF. Em 2014, no mesmo período, foram 1.685 prisões.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, nos primeiros cinco primeiros meses de 2015, os flagrantes de tráfico de drogas cresceram 52,4% em comparação ao mesmo período de 2014 – subiram de 845 para 1.288. No mesmo período, a repressão ao uso ou porte de entorpecentes aumentou 82,4%: foram 1.753 ocorrências registradas em 2014 contra 3.198 em 2015.
A maconha foi a droga mais apreendida de janeiro a maio — quase 1,2 tonelada. Também foram apreendidos 103 quilos de crack, 47 quilos de cocaína e aproximadamente 1,4 mil microsselos de LSD.
Parede mofada onde estavam coladas regras de casa de prostitição do DF (Foto: Mara Puljiz/TV Globo)