No último dia 10 de abril, as Pastorais Sociais da Diocese de Juazeiro/BA realizaram um Seminário dentro da programação da 6ª Semana Social Brasileira (SSB). O evento foi realizado através do Youtube e teve como tema “Mutirão pela vida: Por Terra, Teto e Trabalho”. A Pastoral da Mulher, unidade Oblata em Juazeiro, se fez presente desde a organização e como expectadora do momento de debates.
A Semana Social Brasileira (SSB) é uma iniciativa realizada no Brasil desde 1991 pelas pastorais sociais ligadas à CNBB. O tema (2020-2022), remete ao discurso do Papa Francisco no 1º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, promovido pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz, em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais, reunidos no Vaticano em outubro de 2014.
A 6ª SSB retoma em mutirão pela vida os “3Ts”: Terra, Teto e Trabalho, com o objetivo de envolver todas as pessoas como protagonistas e solidárias na transformação social, com atenção à situação de vulnerabilidade, miséria e exclusão, tanto urbana quanto rural de que padecem milhões de pessoas no Brasil.
Mediado por Roberto Malvezzi, que relevou que a Igreja de Juazeiro tem uma história e uma tradição marcada pela causa dos pobres, exemplificando através da luta pela água, pela terra e pela moradia, além da luta da pastoral da mulher, da pastoral da infância, pelo saneamento básico, entre outros. O seminário contou com a participação e contribuição teórica de Ruben Siqueira da CPT, Camila Almeida e Guilherme Mota e Eduardo Brasileiro da ABEFC, em uma rodada rica de reflexões.
Foram levantados importantes discussões sobre a conjuntura de pandemia, seu reflexo no aumento das desigualdades socias e a intensificação da pobreza que assola a população brasileira. Ruben Siqueira citou que “A pandemia é uma expressão de uma terra adoecida”, aludindo ao processo que corroborou com toda a precarização enfrentada no momento, no que tange a concentração de terras, privatização de recursos naturais e escassez de alimentos. Ruben ainda destacou a importância de se pensar em reforma agrária urgentemente, para além das medidas preventivas e de cuidado ao coronavírus.
O agronegócio foi posto como um dos grandes implicadores do desenvolvimento sustentável, sendo a região do Vale um exemplo nesse setor, responsável por empregos sazonais e temporários, além da forte desigualdade de gênero nessa cultura.
Os demais convidados, abordaram a questão do neoliberalismo, intensificado na última década, e as consequências no mundo do trabalho e no acesso aos direitos sociais por grande parte da população. A minimização do estado aprofundou a informalidade do trabalho, potencializado pela tecnologia, citando o processo de “uberização” como exemplo. O trabalho é o que possibilita o acesso a renda e assim o acesso a bens de serviço e consumo, ponderou Eduardo Brasileiro.
Entre as alternativas apontadas, foi ressaltada a necessidade de organização e diálogo de grupos e movimentos sociais. É fundamental romper com o modelo “casa grande/senzala” que permanece vívido na nossa sociedade e garantir a todos e todas a democratização do direito a cidade. Moradia é um direito de cidadania.
Como exemplo, foi citado o Banco de palmas, iniciativa que tem como objetivo promover o desenvolvimento de territórios de baixa renda, através do fomento à criação de redes locais de produção e consumo. Baseia-se no apoio às iniciativas da economia popular e solidária em seus diversos âmbitos, como: de pequenos empreendimentos produtivos, de prestação de serviços, de apoio à comercialização e o vasto campo das pequenas economias populares.
Dom Beto Brei, Bispo da Diocese de Juazeiro, se fez presente durante toda apresentação e agradeceu aos envolvidos pelo comprometimento com as causas sociais. Destacou a importância do pensamento Franciscano, do qual é adepto e sobre a importância da espiritualidade para enfrentamento das crises.
Assista o evento: