‘Agência conhece os clientes’, conta jovem que diz ter feito book rosa

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Book rosa seria um catálogo de modelos que também fazem programas e o Fantástico conversou com uma jovem que diz ter participado.

A expressão ‘book rosa’ está na novela Verdades Secretas e despertou curiosidade. O book rosa seria um catálogo de modelos que também fazem programas. O Fantástico conversou com uma jovem que diz ter participado de um desses catálogos. Ela confirma: book rosa existe, sim.

 
Cabelos loiros. Olhos castanhos. 22 anos.
Profissão: modelo.
A identidade ela prefere não revelar.
 
Mas promete contar detalhes sobre uma expressão do mundo da moda que tem provocado polêmica.
 
Fantástico: Você fez book rosa?
Jovem: Fiz. Eu não gostava, eu só fazia porque queria ganhar dinheiro.
 
O assunto sempre aparece nas conversas da novela Verdades Secretas.
 
“É como se fosse um programa, na verdade. Só que tem a agência”, conta a jovem.
 
O algo mais a dois surgiu na vida da modelo entrevistada pelo Fantástico depois que ela começou a trabalhar numa grande agência de São Paulo, há três anos. Segundo ela, o maquiador, os produtores e os donos fizeram a proposta.
“Explicaram que eu iria ganhar muito dinheiro, que tava fraco de trabalho na época e que eu ia conseguir pagar as contas que eu tava precisando pagar”, conta a jovem.
 
Ela diz que trabalhava principalmente em feiras e eventos. E também fotografava para catálogos. Ela não desfilava em passarela, ao contrário da personagem Angel, de Verdades Secretas.
 
“Eles me fizeram esse convite várias vezes, só que eu tava com medo. Aí depois eu decidi começar a fazer”, relata a jovem.
 
Fantástico: Por quê?
Jovem: Por necessidade. Porque eu precisava para pagar minha faculdade.
“A agência conhece os clientes, já sabe tudo direitinho. E deposita o dinheiro certinho na conta”, diz a jovem.
 
Jorge Rodrigues, diretor do Sindicato das Modelos de SP: Book rosa para mim é prostituição.
Fantástico: O book rosa é uma realidade na vida da modelo?
Jorge Rodrigues: Infelizmente, é uma realidade.
 
“Às vezes eu fazia feira e ganhava R$ 100. Eu ficava o dia todo na feira. Ia fazer o book rosa e ganhava R$ 700, R$ 800”, relata a jovem.
 
Fantástico: Numa noite?
Jovem: Numa noite, às vezes.
 
O sindicato das modelos de São Paulo culpa os cachês baixos pela existência do book rosa.
 
“Quando elas recebem esses convites, bate com a situação difícil que ela está passando, ela acaba aceitando um. E acaba aceitando dois. E acaba ficando nesse sistema. São mais as agências menores. Porque nas agências de médio e grande porte não há necessidade de ganhar dinheiro com a menina com esse trabalho, totalmente proibido”, destaca Jorge Rodrigues, diretor do Sindicato das Modelos de São Paulo.
 
Na trama, a Fanny, interpretada pela atriz Marieta Severo, é agenciadora de modelos.
 
“A ficção tem que ter uma liberdade absoluta. Mas também uma responsabilidade, é claro. Mas eu acho que está muito claro no nosso texto, que são algumas agências que fazem”, diz a atriz Marieta Severo.
 
“Se uma menina ela está numa agência que ela recebe de 12 horas de trabalho um cachê de R$ 150 ou que ela fique muito tempo ralando sem ter retorno algum e ela tenha que fazer programas para se manter ela não está numa agência séria”, diz Anderson Baumgartner, sócio-dono da agência Way Model.
 
A atriz Camila Queiroz, que interpreta a protagonista Angel, também é modelo na vida real. E já conheceu meninas que foram convidadas para fazer book rosa.
 
“A gente está contando a história de uma menina que está na moda. Mas isso acontece o tempo inteiro, em todos os lugares, todos os tipos de trabalho”, conta a atriz Camila Queiroz.
 
Na novela, a história da Angel foi parar na delegacia. No Brasil, se prostituir não é crime. Mas quem agencia garotas, como é o caso da novela, pode ir para a cadeia. A pena vai de dois a cinco anos, mais multa. Essa pena pode ser ainda maior se a garota for menor de idade ou se ela sofrer algum tipo de ameaça ou violência.
 
A modelo que conversou com o Fantástico diz que parou de fazer o book rosa, porque já terminou a faculdade. Com medo de ser identificada, ela não conta em qual curso se formou, mas diz que, daqui para a frente, quer seguir outro caminho.
 
Fantástico: Você se arrepende de ter feito isso?
Jovem: Sim. Acho que tem outros meios de ganhar dinheiro. Mais para a frente, você olha para o passado e você vê que não valeu a pena. Às vezes, é melhor desistir de um sonho do que continuar, do que entrar nessa vida.
 

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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