“As pessoas não estão em primeiro lugar”
Alice Souza
Publicação: 23/02/2015 09:32 Atualização: 23/02/2015 09:53
A que se propõe a pesquisa “Estudos Ecossistêmicos dos Territórios e Populações Vulnerabilizadas na área de Abrangência do Projeto de Integração do Rio São Francisco”?
Qual a fase atual dos estudos?
Quais as principais consequências da transposição identificadas nos grupos sociais em Pernambuco?
Em Pernambuco, a região de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho foi uma das pioneiras nos projetos de desenvolvimento, com o Polo Petroquímico de Suape e a Refinaria Abreu e Lima. Uma das consequências foi o aumento dos casos de exploração sexual na região. O roteiro se repete no semiárido?
O modo de implantação das obras da transposição é um reflexo de como o Brasil sempre lidou com as populações vulneradas ao longo da história?
A transposição tem um conjunto de 38 ações de mitigação previstas, elas são suficientes para dar resposta ao processo de enfraquecimento das populações vulnerabilizadas?
Há várias ações relacionadas a saúde, qualidade de vida ou preservação, mas nos estudos percebemos que os programas são absolutamente insuficientes para dar conta dos problemas produzidos durante a implantação do projeto. Analisamos o EIA/RIMA da transposição, mas ele se converteu em um instrumento de legitimação do capital, ou seja, das grandes empresas que vão ser beneficiadas com o empreendimento. Vivemos hoje uma crise energética e de recursos hídricos no Brasil que é decorrente do modelo de desenvolvimento de destruição da mata, de projetos em que os povos tradicionais – que têm conhecimento de preservação das matas – são desconsiderados.
Saiba Mais
Integração do Rio São Francisco
69,2% do total de obras concluídas
Eixo Norte: Cabrobó, Salgueiro, Terranova e Verdejante, em Pernambuco; em Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro, no Ceará; em São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras, na Paraíba.
Já no Eixo Leste, o empreendimento passa pelos municípios pernambucanos de Floresta, Betânia, Custódia e Sertânia; e em Monteiro, na Paraíba.
Investimento inicial previsto
R$ 4,5 bilhões
Investimento até agora
R$ 5,93 bilhões nas obras
Orçamento
R$ 8,2 bilhões
Início: 2008
Previsão de término: 2016
Em Pernambuco:
11 empresas atuando
4.390 trabalhadores
3 milhões de pessoas atendidas
241 famílias reassentadas (até agora)
7 vilas produtivas rurais
Fonte: Ministério da Integração Nacional