No Rio, prostitutas de outras áreas migram para orla em busca de estrangeiros
por Renato Grandelle, Luiz Ernesto Magalhães e Carolina Brígido
/ Atualizado
RIO E FORTALEZA — Além da bola rolando em campo, as cidades-sede da Copa do Mundo estão assistindo a uma outra disputa: a de prostitutas por clientes estrangeiros. O assédio de garotas de programa a visitantes aumentou durante o Mundial, e tradicionais pontos de encontro estão recebendo novas levas de jovens que trabalham no mercado do sexo. Uma pesquisa do Observatório da Prostituição, que reúne pesquisadores de Brasil, Canadá, EUA e Itália, mostrou que muitas profissionais do Rio têm deixado os locais onde trabalham, nos subúrbios, deslocando-se para 20 pontos, a maioria em Copacabana e Ipanema, onde há maior presença de estrangeiros.
Na Vila Mimosa, outro tradicional local de prostituição, o movimento tem sido fraco. O mercado de luxo, no entanto, estaria próspero. O GLOBO ouviu um estrangeiro que frequenta boates e, segundo ele, algumas profissionais estão recebendo propostas para passarem até três semanas com delegações estrangeiras na Região dos Lagos e na Costa Verde. O preço desses programas chega a R$ 30 mil. Nos sites de garotas de programa, a Copa do Mundo também alterou os preços. A paulista Camille Viana, de 24 anos, que trabalha na Barra, conta que, durante os jogos, criou uma tabela: brasileiros pagam R$ 300 por uma hora e meia em sua companhia, enquanto estrangeiros, R$ 500.
E nem sempre as negociações incluem sexo:
— Tenho atendido muitos italianos e espanhóis que parecem estar bastante carentes. Um grupo de italianos, por exemplo, chamou cinco meninas para uma suíte de um hotel cinco estrelas na Barra para assistirem juntos a Brasil x Croácia. Sem rolar nada.
Nas termas do Rio, o movimento é grande. No Jardim Botânico, uma delas oferece meninas vestidas com biquínis do Brasil. Em Ipanema, o funcionário de outro estabelecimento diz que o movimento tem sido intenso:
— Isso aqui está enchendo todos os dias . Às 17h, já tem estrangeiro de tudo quanto é canto.
EM NATAL, SEXO E FORRÓ A R$ 30
Em Natal, a prostituição faz parte de um pacote, em que sexo, drogas e forró saem a partir de R$ 30, na Rua Manoel Augusto Bezerra de Araújo, conhecida como Rua do Salsa, em Ponta Negra. Na última quinta-feira, O GLOBO esteve no local e presenciou meninas de 18 a 20 anos se oferecendo para torcedores estrangeiros por R$ 10.
A assessoria de imprensa da Secretaria municipal de Trabalho e Assistência Social de Natal informou que foi montado no local um Centro de Referência da Assistência Social. Fiscais verificam se há crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Campanhas contra a prostituição infantil vêm sendo realizadas nas cidades-sede. No Rio, outdoors em inglês foram instalados em diversos pontos, mostrando um homem preso por procurar turismo sexual. No último dia 12, a delegacia da Criança e do Adolescente fechou um bar e um hotel em Copacabana, acusados de permitir a exploração sexual de menores.
O Instituto Brasileiro de Turismo informou, em nota, que não tem uma campanha específica contra a prática da prostituição durante o Mundial, mas repudia e, efetivamente, adota critérios, como não sensualizar as personagens das peças publicitárias, para não vincular a imagem do Brasil à de um destino para o turismo sexual.
Conteúdos do blog
As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.