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Polícia desmonta esquema
de prostituição de menores na Rocinha
 
 
A Polícia Civil desbaratou um esquema de prostituição de menores na Rocinha, na quinta-feira passada, com a prisão do principal agenciador das jovens, o cabeleireiro Dhemian Alves Lopes, de 24 anos, como mostrou neste domingo o programa “Fantástico”, da TV Globo. Durante 15 dias de escutas autorizadas pela Justiça, policiais da 15ª DP (Gávea) registraram mil ligações em que o cabeleireiro aparece negociando o programa de adolescentes de 15 a 17 anos, além de venda e compra de drogas.
Infiltrado como um advogado espanhol, um produtor do “Fantástico” passou uma semana na comunidade fazendo passeios turísticos para se aproximar do agenciador e apurar como funcionava o esquema de exploração sexual, que é exclusivamente destinado a estrangeiros, pois pagam valores mais altos. O programa chegava a custar até R$ 500.
Muitos dos encontros aconteciam em quartinhos alugados na comunidade ou em hotéis próximos à favela de São Conrado. O agenciador tinha uma grande agenda de contatos e oferecia meninas de diferentes aparências físicas.
Logo no primeiro encontro com as meninas, num bar da Via Ápia, na entrada da comunidade, o produtor já pôde conferir a variedade de jovens que participavam do esquema do cabeleireiro. O agenciador peguntava a preferência do cliente e apresentava as opções: louras, morenas e mulatas. As jovens também exibiam fotos sensuais nos celulares durante a negociação.
Algumas fotografias chamaram a atenção do produtor. Entre uma e outra imagem das meninas de lingerie, apareceram fotos de iniciais de uma facção criminosa e de um traficante conhecido como Pateta, que seria o sucessor do Nem no comando da comunidade, mas foi morto pela própria quadrilha.
 
Parentes se beneficiavam
A reportagem também mostrou que o dinheiro do turismo sexual chegava às mãos dos parentes das jovens. Uma jovem de 16 anos, por exemplo, foi flagrada falando ao celular com a mãe, dizendo que estava fazendo um PG (programa) e que não poderia continuar a conversa, mas que ia enviar R$ 50 para ajudá-la.
Nenhuma negociação feita pelo produtor do “Fantástico” foi levada até o fim.
— Essas meninas se beneficiavam do tráfico — disse o major Edson Santos, comandante da UPP da Rocinha. — Elas conviviam com os traficantes. Não diretamente fazendo programa, mas elas se beneficiavam do dinheiro do tráfico, junto com o traficante. Ou seja, foi o primeiro momento em que essas meninas foram desvirtuadas. Num segundo momento, quando o tráfico perdeu o poderio dentro da comunidade, essas meninas foram, através da persuasão desse aliciador, introduzidas na prostituição, sendo oferecidas para os turistas.
 
Taxistas seriam cúmplices
Segundo o delegado Fábio Barucke, titular da 15ª DP (Gávea), o esquema de prostituição era conhecido por taxistas e guias de turismo que circulam na Rocinha. Eles apontariam Dhemian como agenciador quando o assunto era turismo sexual. O cabeleireiro só aceitava clientes indicadas por pessoas das suas relações.
Para o delegado, ficou claro que o esquema de exploração sexual tinha a participação de pessoas ligadas ao turismo na comunidade, que fazem os primeiros contatos com os estrangeiros.
As escutas também revelaram que o agenciador atuava negociando a prostituição de menores no Vidigal. Dhemian Alves Lopes vai responder a inquérito na polícia por exploração sexual de crianças e adolescentes. A pena máxima prevista para esse crime é de dez anos de prisão.

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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