Lola e Emma, mais uma história violenta contra as mulheres na internet

Compartilhar

Sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Fonte: Yahoo Noticias


Lola Aranovich, 44 anos, é professora da Universidade Federal do Ceará. Nos últimos meses, vem recebendo o apoio de seguidores do site e da fanpage Escreva, Lola, Escreva, pela série de ameaças que sofre de pessoas que, aparentemente, não suportam feministas. O blog da professora Lola é um blog de autor. Ela opina, diz o que pensa, conta o que acha e comenta grandes e pequenos temas (em geral, femininos).

Emma Holten, dinamarquesa, publica fotos nuas em site feminista para combater a pornô vingança do ex (Foto: Reprodução Hysterical Feminisms/Cecília Bodker).

Emma Holten, 21 anos, dinamarquesa. Nos últimos dias, decidiu veicular, no site Hysterical Feminisms, um ensaio de fotos suas. Projeto de ativismo feminista, o ensaio mostra Emma nua, clicada pela fotógrafa Cecília Bodker. Emma foi vítima de pornô vingança há quatro anos, quando fotos íntimas dela foram liberadas na internet por um ex-namorado. Com as fotos do ensaio, ela tenta resgatar a propriedade sobre sua nudez e sobre seu corpo.
 
O que as duas têm em comum? Lola, que inclusive já escreveu sobre pornografia de revanche, ou pornô-vingança, e Emma são duas mulheres vítimas de violência online. Uma é esculachada verbalmente (Lola), a outra foi humilhada pela exposição de sua intimidade (Emma). Num momento tão crítico, em que discutimos liberdade de expressão e terrorismo, a internet vem se transformando num cenário de bullying pesado contra as mulheres. Porn revenge e assédio virtual são instrumentos cortantes. Deixam cicatrizes feias.
O pesadelo não está tão distante assim. Mesmo não sendo uma atriz da Globo ou de Holywood, cujas fotos íntimas costumam ser liberadas por hackers, numa reedição do clássico e violento jogo de poder (“Eu posso invadir e posso divulgar. E vou fazer isso porque posso.”), muitas mulheres e garotas estão chegando ao escritório ou a sala de aula para descobrir que foram transformadas em domínio público. Fotos (nuas, seminuas, de biquíni ou de burca, não importa) feitas na intimidade vazam para os olhos de conhecidos e desconhecidos. Alessandra Ginante, VP de RH da Avon, falou sobre este tipo de cyberataque recentemente, neste blog, ao comentar dados de pesquisa com jovens, do Instituto Avon, sobre violência contra a mulher.
 
As fronteiras entre o público e o privado estão cada vez mais embaçadas, o que significa que deveríamos ter cuidado com o que deixamos na rede. (Um parêntese: o que acharão nossos filhos, adultos, das fotos que publicamos de sua infância? Tadinhos…) Mas a publicação, não consentida, de fotos ou conversas íntimas, é de uma violência abominável. Não se justifica. Acho que uma das coisas mais perversas numa situação como essa é a reação de grande parte das pessoas, inclusive mulheres, que culpam a vítima e não o violentador. “Ah, mas se ela não tivesse tirado essas fotos….” “Ah, se ela não fosse tão descuidada”. Te lembra alguma coisa?

 

 

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *