Estudante morta pelo namorado fazia TCC sobre violência contra a mulher

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isabella_300pIsabella Cazado foi morta pelo namorado e cunhado, segundo a polícia.
Assassinato ocorreu durante discussão dentro de carro em cidade de MT
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Por Denise Soares, do G1
 
 
A estudante de direito Isabella Cazado, de 22 anos, assassinada a tiros durante uma discussão com o namorado no dia 31 de maio, fazia um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre violência contra a mulher. Ela estudava o 9º semestre do curso na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), no campus de Diamantino, a 209 km de Cuiabá.
Segundo a Polícia Civil, a suspeita é de que o namorado dela, Roni Santos, de 23 anos, tenha tido a ajuda do irmão, Fernando Santos, de 21, para assassinar a estudante. A defesa dos irmãos preferiu não se manifestar ainda sobre o caso.

 
Fernando está preso na cadeia pública de São José do Rio Claro, a 325 km da capital, onde a vítima morava com a família. Ele foi ouvido pela polícia na companhia de dois advogados. No entanto, Fernando se manteve calado durante todo o depoimento. Já o namorado de Isabella, que está com a prisão decretada pela Justiça, continua foragido.
 
O professor que orientava Isabella no TCC, Alessandro de Almeida Santana Souza, disse que a jovem era uma boa aluna,“O tema [do TCC] era relacionado ao estupro praticado pelo marido contra a mulher, especificamente a violência contra as mulheres. Ela estava fazendo o levantamento de dados nessas situações e uma pesquisa bibliográfica com casos reais”, disse o professor ao G1.
 
Isabella iria apresentar o TCC na próxima segunda-feira (22). “Ela nunca comentou porque tinha escolhido esse tema, apenas disse que achava interessante e que queria aprofundar nisso. Ela nunca comentou nada sobre a vida pessoal dela. Infelizmente, ela escreveu a introdução, dois capítulos e não terminou”, declarou Alessandro.
 
Investigação

 De acordo com o delegado responsável pelo caso, Nilson Farias, a principal suspeita é de que os irmãos tenham praticado o assassinato juntos, no carro em que estavam com a vítima durante uma discussão. Nesta quinta-feira (18), foi feita uma perícia no veículo e encontrado uma cápsula da bala no compartimento dianteiro do câmbio do carro. Fernando teria tomado as dores do irmão por conta do relacionamento conturbado com Isabella.
 
“Isso nos faz presumir que um dos tiros, talvez aquele que foi fatal, partiu de alguém que estava no banco de trás do carro. Temos testemunhas que relatam que Fernando estava no banco traseiro, Roni dirigia e Isabella no banco do passageiro”, disse o delegado. O laudo técnico sobre a dinâmica desses disparos deve ficar pronto em 10 dias.
 
Irmãos Fernando (à esquerda) e Roni ( à direita) são suspeitos de matar Isabella Cazado. (Foto: Arquivo pessoal)

Irmãos Fernando (à esquerda) e Roni ( à direita) são suspeitos de matar Isabella Cazado. (Foto: Arquivo pessoal)
 
“Se você atira de lado, dificilmente o tiro iria ricochetear para frente. Os dois atiraram. Acreditamos que Roni deu dois tiros pela lateral e o Fernando deu um tiro na nuca dela, para não restar dúvidas de que ela morreria”, explicou o delegado.
 
Pelas investigações e depoimentos, os dois irmãos eram considerados violentos. No entanto, Fernando era mais agressivo que o irmão. “Roni é aquele cara em quem os irmãos se espelham. Por isso, Fernando tinha extrema proteção e amor. Pelo que levantamos, a Isabella tinha medo do Fernando, inclusive não frequentava os mesmos lugares que ele”, detalhou Farias.
 
O relacionamento do casal era conturbado, terminaram e voltaram diversas vezes, de acordo com o delegado. As testemunhas disseram à Polícia Civil que o pai de Roni e Fernando chegou a discutir com Isabella ao intervir nas brigas.
 
“Uma vez, houve essa discussão com o pai do Roni, ele teria dito: ‘você está se gabando porque faz faculdade de direto e meu filho é um chucro. Então você acha que pode terminar com ele quando bem entender’. Os pais não gostavam disso, dessa diferença dela fazer a faculdade de direito e ele ser um peão de fazenda. Também não aceitavam a ideia do filho ficar correndo atrás de uma mulher”, revelou o delegado.
 
Quatro meses antes do crime, os irmãos teriam provocado uma confusão na cidade. Isabella e Roni tinham terminado novamente e a jovem estava reunida com amigos em uma avenida do município.
 
“Roni e Fernando jogaram uma moto contra o grupo e saíram batendo em todo mundo. Fernando comprava qualquer briga de Roni e também batia na própria namorada. Quando terminavam, Roni insistia em voltar e Isabella aceitava. Ela tinha um pouco o controle da situação. Ele insistia e ajoelhava em público”, disse o delegado.
 
Na opinião do delegado, Roni tinha poder de persuasão sobre Isabella. “O pai deles já foi condenado por cometer um homicídio na cidade e restou a impressão de impunidade, já que ele ficou pouco tempo preso. Os irmãos se gabavam pelo fato do pai ter matado uma pessoa e não ter ‘dado’ em nada”, relatou.

Fonte: http://www.geledes.org.br/estudante-morta-pelo-namorado-fazia-tcc-sobre-violencia-contra-a-mulher/#gs.8d9f5046fcc8463e8ed7f31c7e34a3c9

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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