ONU Mulheres e movimento de mulheres negras discutem ações para a Agenda 2030 e a Década Internacional de Afrodescendentes

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A representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, apresentou, para as organizações de mulheres negras brasileiras, a estratégia de comunicação e advocacy político Mulheres Negras Rumo a Um Planeta 50-50 em 2030, em Brasília. Na ocasião, foi discutida a parceria com o movimento de mulheres negras para fortalecer o desenvolvimento da iniciativa, composta por ações de comunicação e advocacy político para as afro-brasileiras, no âmbito do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e do estabelecimento da Década Internacional de Afrodescendentes (2015 – 2024).

“A ONU Mulheres está comprometida em ampliar as vozes e a visibilidade para as organizações de mulheres negras, tendo como foco central a Marcha das Mulheres Negras. A estratégia Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 se propõe a entrar no espaço público e dentro da ONU para que possamos alcançar os compromissos da Agenda 2030 e da Década Internacional de Afrodescendentes”, disse Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
Para Valdecir Nascimento, da Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras, a iniciativa da ONU Mulheres é importante para “visibilizar as mulheres negras no Brasil, porque nós, mulheres negras, não vamos ficar no mesmo lugar. Continuamos em marcha nos nossos estados”, declarou.
Ângela Gomes, do Movimento Negro Unificado, ressaltou o “feminicídio negro que ganhou notoriedade, há dois anos. Antes, era tratado como residual” e, ao ser revelado, traz novos desafios para o poder público e a sociedade brasileira.
Bem viver – Uma das lideranças do Fórum Nacional de Mulheres Negras, Clátia Vieira assinalou a cidadania inclusiva e o bem viver – temas abordados na Marcha das Mulheres Negras, que reuniu 50 mil afro-brasileiras, em 2015, na capital federal. “O racismo aperfeiça os seus métodos. Estamos num quadro de matança da juventude negra. Por isso, é importante saber qual a interlocução das mulheres negras na Agenda 2030. E como a Marcha das Mulheres Negras pode estabelecer com a Agenda 2030”. Ela apontou, ainda, as eleições como momentos decisivos e que é preciso criar metas de enfrentamento ao racismo, inclusive para aumentar a quantidade de mulheres negras no cenário político.
Regina Adami, da Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras, apontou a necessidade de trazer o tema da concentração de renda no Brasil e no mundo. “É preciso reequilibrar o jogo para que ninguém fique para trás a despeito do retrocesso. É necessário um rearranjo e qualificar o discurso sobre o que de concreto deve ser feito para mudar. A Agenda 2030 traz isso”, disse.
Pela Coordenação Nacional de Quilombos (Conaq), Givânia Silva mostrou preocupação com o “desmantelamento e o conservadorismo dos espaços de execução de políticas para a população negra e as mulheres, em geral. Muitos deles em vias de extinção”, alertou.
Participação política e direitos econômicos – Creuza Oliveira, secretária-geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), relembrou: “estamos em luta há 80 anos. Hoje, vemos um conjunto de retrocessos sobre aposentadoria, o Estatuto do Idoso, as reformas trabalhista e previdenciária. Estamos preocupadas com as eleições 2018, porque já há sinais de pessoas que não querem ir votar. A ONU Mulheres pode colaborar na mediação em defesa das ações afirmativas, do combate à intolerância religiosa, da sensibilização sobre os assassinatos das mulheres”.
Ana Lúcia Pereira, da Agentes da Pastoral Negros (APNs), salientou a importância da Agenda 2030 para retomar a defesa de áreas importantes para a população negra. “Estamos discutindo terra e territórios e a segurança alimentar e nutricional das mulheres negras, quilombolas, juventude negra, intolerância religiosa. Outra questão urgente é enfrentar o racismo nas instituições”.

Equipes da ONU Mulheres global, para Américas e Caribe e do Brasil na Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver
Foto: ONU Mulheres/Bruno Spada

Propostas apresentadas – Durante o encontro, as ativistas também marcaram a necessidade de encontros presenciais e de atividades de reconhecimento de marcos importantes para a conquista do movimento de mulheres negras do País e de novas articulações, a exemplo do II Encontro Nacional de Negras Feministas Jovens, previsto para setembro, em São Paulo.
As ativistas pontuaram ainda a necessidade uma parceria horizontal entre o movimento de mulheres negras e a ONU Mulheres, para a formação política para as apoiadoras públicas e indicação de pautas importantes, capazes de dar visibilidade às temáticas e subsidiar as ações estratégicas com foco nas afro-brasileiras. Segundo Nadine Gasman, este é momento é para que as organizações tracem um posicionamento para atuação conjunta, garantindo o cumprimento da Agenda 2030 e por um Planeta 50-50. “Nós contamos com as organizações de mulheres negras do país para traçar os rumos dessa estratégia. Somente vamos obter êxito se trabalharmos conjuntamente, há muito o que ser feito e a ONU Mulheres está disposta atuar como uma colaboradora desse processo”, considerou.
Mulheres Negras na Agenda 2030 – Em atenção à situação das afro-brasileiras, a ONU Mulheres Brasil está desenvolvendo a estratégia de comunicação e advocacy político Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, articulando o advocacy público de compromissos nacionais em favor do Marco de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021, que adota como diretriz o enfrentamento ao racismo e a eliminação das desigualdades de gênero no País, baseada na Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e na Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024).
FONTE: http://www.onumulheres.org.br/noticias/onu-mulheres-e-movimento-de-mulheres-negras-discutem-acoes-para-a-agenda-2030-e-a-decada-internacional-de-afrodescendentes/

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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