“Naturalização da desigualdade brasileira e violência simbólica” é tema de formação na Pastoral da Mulher

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A equipe da Pastoral da mulher participou da formação sobre a “Naturalização da desigualdade brasileira e violência simbólica”, com a assessoria da Professora de História, pós-graduada em Relações Internacionais, Manuela A. Oliveira.

Foram abordadas as “Quinze teses sobre o capitalismo e o sistema mundial de prostituição”, do Sociólogo Richard Poulin, nas quais ele ressalta que a globalização neoliberal é hoje o fator dominante na decolagem da prostituição e do tráfico de mulheres e crianças para esse mesmo fim. Aumentando as desigualdades e explorando os desequilíbrios entre os homens e as mulheres, aos quais fortalecem singularmente. Estando encarnada na mercantilização dos seres humanos e no triunfo da venalidade sexual. Essa indústria situa-se na confluência das relações comerciais capitalistas e da opressão das mulheres, dois fenômenos firmemente entrelaçados.

Tal conceito foi sendo afirmado continuamente nas seguintes teses:

1. A globalização e a industrialização do comércio do sexo são dois fenômenos estreitamente imbricados;

2. As políticas liberais participam da decolagem das indústrias do sexo;

3. A pauperização de diversas regiões do globo cria as condições propícias a todas as formas de tráfico, comércio e prostituição de seres humanos;

4. A globalização capitalista acentuou a desigualdade de desenvolvimento entre os países, o que produziu uma pressão significativa em favor das migrações internacionais;

5. A industrialização do comércio sexual induziu o desenvolvimento de uma produção em massa de “bens” e de “serviços sexuais” que gerou uma divisão regional e internacional do trabalho;

6. Apesar disso, a grandíssima maioria das análises da globalização capitalista contemporânea não leva em conta o impacto da indústria do comércio sexual sobre as sociedades e sobre as relações sociais de sexo;

7. A prostituição é uma atividade tradicional do crime organizado e a explosão dos mercados sexuais é amplamente controlada por ele;

8. A prostituição baseia-se na violência, nutre-se dela e a amplia;

9. As mulheres e as crianças das minorias são vítimas da indústria sexual mundial de maneira desproporcional em relação à parte que constituem na população;

10. O desdobramento massivo atual da prostituição é um efeito, entre outros, da presença de militares engajados em guerras ou em ocupações de territórios;

11. Entre 1 milhão e dois milhões de menores juntam-se, a cada ano, no mundo inteiro, às fileiras das vítimas do turismo sexual, ou seja, da prostituição organizada;

12. A acumulação de capital é o objetivo do sistema em sua totalidade e, em particular, do sistema proxeneta que domina e organiza a indústria da prostituição;

13. O crescimento desenfreado das indústrias do sexo tem por efeito recolocar em causa os direitos humanos fundamentais, principalmente os das mulheres e crianças tornadas mercadorias sexuais;

14. Os valores liberais contaminaram parte importante da esquerda e do movimento das mulheres;

15. É inútil lutar contra o tráfico de seres humanos sem combater o sistema de prostituição que o causa.

Durante a formação a equipe foi discutindo e trazendo elementos da realidade percebidos no cotidiano do trabalho e compreendendo como o sistema neoliberal nos anos 1980 permitiu uma aceleração da submissão das relações sociais à monetarização. Essa aceleração é traduzida por um impulso considerável das indústrias do sexo e por um discurso, surgido do liberalismo mais trivial, que legitima suas atividades. O capitalismo neoliberal encontra sua expressão máxima no domínio das indústrias do sexo. Esse regime de acumulação estreitamente ligado às desregulamentações da globalização fortalece consideravelmente o sistema de opressão das mulheres e crianças e sua servidão para o prazer de outro, para o prazer masculino. Reduzindo as mulheres a uma mercadoria suscetível de ser comprada, vendida, alugada, apropriada, trocada ou adquirida, a prostituição afeta o gênero. Ela reforça a equação estabelecida pela sociedade entre mulher e sexo, reduzindo as mulheres a uma humanidade menor e contribuindo para mantê-las num status inferior em todo o mundo

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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