A Copa do Mundo vai gerar uma migração de garotas e garotos de programa para as cidades que vão receber jogos do Mundial. O motor de toda esta engrenagem do sexo será o clima de festa e principalmente a concentração de turistas. E os profissionais da área já têm alguns destinos preferidos: Rio de Janeiro e São Paulo.
Baseada em Ribeirão Preto, Livia Porsche vai se revezar entre Rio e São Paulo nos dias de jogos. Uma espécie de nômade do sexo, Renatinha passa temporadas nos locais em que acredita terá lucro. Terminado o verão, trocará Vitória (ES) por um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. E não são apenas mulheres que enxergam oportunidades no Mundial. Marcelo Kopausk vai deixar as praias de Florianópolis na tentativa de fazer R$ 40 mil na Copa nos grandes centros.
As histórias de migração durante a Copa não surpreendem a presidente da Associação de Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira. Ela diz que a dobradinha turismo e sexo já é realidade e majoritariamente o público é o mesmo que recorre a estes serviços nas cidades onde moram. A vantagem dos grandes eventos é que reúne muita gente.
“Sempre é vantajoso porque nos grandes eventos há aglomeração de pessoas e isto significa mais programas”, afirma Cida Vieira. A própria entidade que ela dirige percebeu a oportunidade e ofereceu curso de inglês às profissionais do Estado.
Enquanto isso, as prostitutas se preparam para atender os clientes. No seu site Livia Porsche se descreve como “uma morena estilo namoradinha que beija na boca. “Para fazer jus a tanta propaganda tem investido forte na academia. O guarda-roupa também é alvo de cuidados especiais, o que inclui a lingerie. “Gosto de Victoria Secrets e Fruit de la Passion”.
Mas os 26 anos de vida da garota ensinaram que neste meio não basta ser gostosa, também precisa estar cheirosa. Por isso vai repor o estoque de perfumes: Channel, Bvlgari e Jean Paul Gaultier estão na lista de preferidos. O toque final no look Copa é o bronzeamento artificial para garantir as marquinhas de biquíni. “Se eu adoro, imagine os clientes”, diz orgulhosa.
Tanto investimento tem um propósito, o lucro. Livia cobra R$ 350 em Ribeirão Preto e faz quatro programas por dia. Na Copa, o público alvo será o turista estrangeiro. Ela espera atender sete deles a cada dia ao preço de R$ 500. Também será oferecido um pacote para noite toda por R$ 1,8 mil.
Livia tem experiência em eventos esportivos porque trabalhou na Fórmula 1 nos últimos anos. Ela aposta que nestas ocasiões homens endinheirados aceitam pagar mais para conseguir algo especial. A estratégia será colocada a prova a partir do final de maio. Ela se hospedará em um flat no Jardins, área nobre de São Paulo, e também atenderá em hotéis e motéis. Mas passará mais tempo no Rio, principal mercado do ramo. “Falou de sexo, falou Rio de Janeiro”, resume. “Nesta Copa todo mundo que for esperto vai ganhar dinheiro”, completa.
Oscar Maroni Filho, dono do Bahamas, uma das casas noturnas mais famosas de São Paulo, não tem dúvidas de que dá para ganhar muito dinheiro. Ele revela que algumas garotas que frequentam o hotel chegam a fazer R$ 30 mil num mês. Em busca de reservas para o período do Mundial, ele recebeu seis ligações somente na última terça-feira, principalmente de meninas oriundas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. “Quando é época de evento a procura aumenta e na Copa vai crescer de forma significativa”, afirmou.
Renatinha também tem certeza do lucro e com este pensamento vai sair de Vitória para o Rio de Janeiro. A garota de 25 anos trabalha com outra dinâmica e escolhe passar determinados períodos em diferentes cidades conforme a expectativa de fazer dinheiro. Mas não importa o lugar em que esteja, ela se descreve nos anúncios como “uma loira de lábios deliciosos, coxas grossas e bumbum empinado”. “Não precisa mudar nada porque está tudo em cima”, gaba-se.
Para desfrutar de uma hora com as formas de Renatinha na Copa a clientela terá de desembolsar R$ 500, alta de 66% sobre o preço de tabela. Ela conta que já está recebendo ligações de interessados querendo saber se estará trabalhando na Copa. Os italianos são maioria, mas houve sondagens de outros países da Europa e do Japão.
A migração na Copa não se restringe a prostitutas. Os garotos de programa também vão aproveitar a competição para faturar. Marcelo Kopausk não sabe onde vai trabalhar, só está certo que não será em Florianópolis, cidade em que mora desde 2010.
A partir do Carnaval ele passará curtas temporadas de quinze dias em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Vai fazer programas nas cidades, conversar com pessoas do meio que alugam flats e só então decidir que destino tomar. O local onde for mais procurado por homens e mulheres será o escolhido.
Kopausk vai apostar em espécies de combos para atingir a audaciosa meta R$ 40 mil durante a Copa. O pacote com até cinco horas pode inclui saída para jantar, ida até uma boate dançar e por fim ação embaixo dos lençóis. A ideia é cobrar R$ 300 a hora. Em dias normais o valor varia entre R$ 100 e R$ 200.
Além do preço maior, ele explica que chegará duas semanas antes da Copa e ficará outra quinzena depois dos jogos. Kopausk também conta com o caixinha, expressão do meio usada para gorjeta. O rapaz de 23 anos afirma que quando satisfaz de clientes tops é comum um extra de R$ 200.
Brasil reforça combate a prostituição infantil durante a Copa
Alerta com a possibilidade de aumento também da prostituição infantil, o Brasil tomou providências e criou a Campanha Não Desvie o Olha. O trabalho vai começar em fevereiro nas 12 cidades sede dos jogos do Mundial e funciona em parceria com a Ong End Child Prostitution And Trafficking, sediada na França.
O trabalho pretende mobilizar a população para denunciar no disque 100 o abuso de crianças e adolescentes. Para isso vai informar turistas e cidadãos com cartazes e folhetos disponíveis em aeroportos, hotéis, táxis, aviões, pontos de ônibus e outros locais de circulação de turistas.
Esta ação ganhou o reforço na semana passada com o anúncio de impressão de 150 mil unidades de material de comunicação. Entre as informações, consta que estrangeiros poderão ser punidos em seus países caso seja provada prática de crime sexual contra crianças e adolescentes durante a Copa.
O trabalho pretende mobilizar a população para denunciar no disque 100 o abuso de crianças e adolescentes. Para isso vai informar turistas e cidadãos com cartazes e folhetos disponíveis em aeroportos, hotéis, táxis, aviões, pontos de ônibus e outros locais de circulação de turistas.
Esta ação ganhou o reforço na semana passada com o anúncio de impressão de 150 mil unidades de material de comunicação. Entre as informações, consta que estrangeiros poderão ser punidos em seus países caso seja provada prática de crime sexual contra crianças e adolescentes durante a Copa.