Agentes da Pastoral da Mulher de Juazeiro participam de encontro de formação para a Campanha da Fraternidade 2014

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O tráfico humano é uma realidade aviltante, pois atenta contra a dignidade e a liberdade humana. Na certeza de que “é para a liberdade de Cristo nos libertou” (Gl. 5,1), a Igreja do Brasil, neste ano de 2014, propõe o aprofundamento da reflexão, sobretudo durante o tempo quaresmal, da realidade do tráfico de seres humanos. Este é na verdade a forma mais comum de escravidão em nossos dias.
Entre os dias 07 e 09 de março de 2014, a Diocese de Juazeiro/BA promoveu um encontro de formação, que aconteceu no distrito de Carnaíba do Sertão, pertencente ao município. O objetivo foi apresentar e refletir a realidade do tráfico de pessoas, bem como discutir estratégias de combate ao tráfico que serão desenvolvidas nas várias paróquias e pastorais que compõem a Diocese de Juazeiro.
 O encontro teve a assessoria do Frei Xavier Plassat, um frade dominicano francês, residente no Brasil, que se destaca pela sua atuação na Comissão Pastoral da Terra e na luta contra o trabalho escravo contemporâneo no Brasil e da coordenadora da Pastoral da Mulher de Juazeiro/BA , Fernanda Lins, que discorreu sobre o tráfico de mulheres para fins de exploração sexual e enfatizou a realidade da prostituição na cidade.
Segundo frei Xavier, a melhor estratégia de combate ao tráfico humano é, primeiro, “abrir o olho”. “Se o tráfico continua e prospera é porque ele se beneficia de sua invisibilidade”, alerta o frei dominicano. Segundo, negar a tendência de se naturalizar a situação do trabalho forçado e indigno como sendo algo normal ou mesmo cultural. Em seguida, acolher as vítimas e não ter medo de denunciar esta realidade de trabalho explorado às autoridades competentes.
Muitas crianças e adolescentes são também exploradas sexualmente. “O tráfico para fins de exploração sexual não faz a captação só de mulheres adultas. Crianças e adolescentes podem ser captadas pela rede do tráfico e aí a gente vê que hoje na modalidade existe também o sexo virtual, a pedofilia, que é tudo parte deste contexto. Infelizmente, existem muitas adolescentes, tanto aqui na região como no Brasil todo sendo exploradas sexualmente”, afirmou Fernanda Lins, que juntamente com a Pastoral da Mulher faz parte da Rede um Grito Pela Vida, que é uma rede de religiosas articulada com a rede internacional Talita Kum, responsável pelo trabalho de sensibilização para com o tráfico.
Desconstruir a imagem externa do Brasil como sendo um “paraíso do turismo sexual” é fundamental na luta contra o tráfico para fins de exploração sexual. Apesar de existiram várias instituições que lutam contra o tráfico sexual, o Brasil ainda estar engatinhando no combate à exploração sexual. “Infelizmente o tráfico ainda é uma realidade pouco conhecida, acontece do nosso lado, mas muitas pessoas ainda não conhecem. A gente já ouviu depoimentos de mulheres que vão para fora e que dizem ‘eu nem sabia que isso era tráfico, que eu estava sendo traficada’”, relevou Fernanda Lins.
Os participantes do encontro de formação, após refletirem sobre a realidade do tráfico humano em suas comunidades, propuseram várias estratégicas que podem ser trabalhadas durante a Quaresma, bem como neste ano de 2014 e que certamente ajudarão a conscientizar as pessoas a respeito do tráfico humano. Organizar mobilizações com o apoio de parceiros empenhados na luta contra o tráfico, formular denúncias junto a entidades, como, por exemplo, a CPT, alertar a população sobre a realidade do tráfico de pessoas durante as romarias em defesa da vida e nas festas de padroeiros e fazer campanhas contra o comércio de pessoas nas rádios comunitárias foram algumas estratégias apresentadas. Ademais, ficou acertada a confecção de um folder a nível diocesano com informações importantes sobre o tráfico humano e que poderá ser divulgado nas mobilizações e nas escolas.
Na noite cultural, a Pastoral da Mulher e a CPT fizeram uma homenagem às mulheres presentes na Assembleia, pela passagem do dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher. E o grupo de teatro Mariart’s, formado pelas mulheres da Pastoral, apresentaram a peça “Chamas da Revolução”, que retrata a criação do dia “08 de Março” – Dia Internacional da Mulher, contando a história de milhares de mulheres que morreram queimadas na fábrica, lutando por melhores condições de trabalho.
Railane Delmondes e Fernanda Lins

Fernanda Lins enfatizou a realidade da prostituição na cidade.


Fonte: Pastoral da Mulher de Juazeiro

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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