Todos possuem acesso a água e sabão?

Compartilhar

Brenda Barbosa, assistente Social do Projeto Antônia em Santo Amaro nos traz um olhar sobre as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores informais e pelas mulheres que exercem a prostituição frente à pandemia.

“Lavar as mãos com água e sabão”, “usar alcool gel”, “manter distanciamento no contato pessoal”,  “ficar em casa”. Estas são medidas de saúde recomendadas para o enfrentamento ao coronavírus e consideradas simples. Mas, esta simplicidade é bem mais difícil quando se é mulher, pobre, moradora de periferias e trabalhadora informal na prostituição.

Em tempos de pandemia pela infecção humana por coronavírus, o COVID-19, as ações para seu enfrentamento, apesar de necessárias para a Saúde Pública, não são acessíveis para uma grande parcela da população brasileira, nela incluída as mulheres de baixa renda no contexto da prostituição.

Com as restrições de funcionamento do comércio, a capacidade de conseguir renda na prostituição diminui ou mesmo se extingue. Adquirir alcool gel, sem estar aferindo renda, é um gasto alto, que pode significar a escolha entre comprar alimentos ou se proteger.

Uma parcela de trabalhadoras/es informais estão adaptando seus serviços para modalidades em domícilio/delivery ou contando com a solidariedade de seus contratantes em seguir realizando os pagamentos pelos serviços que futuramente serão prestados. Estas não são adaptações possíveis para este perfil da prostituição.

Estas adaptações, se possíveis, ainda representariam uma maior exposição às situações de contágio, já que o contato intímo com a saliva facilita a infecção por coronavírus. Isso significa que manter a rotina na prostituição, ainda que com adaptações, coloca estas mulheres em uma situação de risco.

E, se as crianças estão sem aula, os idosos não podem sair… Quem é que assume o cuidado destas pessoas? A mulherada! Ainda que  fosse possível, como é que se realiza “trabalho remoto”, tendo que cuidar de tudo isso? Ainda mais quando não é tão simples realizar o isolamento social ou a quarentena, quando se vive em periferias urbanas.

Periferias, comunidades e favelas concentram uma grande quantidade de moradores num mesmo espaço. Além da proximidade forçada, o déficit no saneamento básico, de modo geral, já tem implicações imediatas sobre a saúde e a qualidade de vida da população.

No enfrentamento ao COVID-19, a falta de acesso ao saneamento básico condena as periferias a não terem condições concretas de acesso à outra grande aliada: a água. Além de uma questão de desigualdades entre classes sociais, está é também uma desigualdade de gênero e étnicorracial, como revela o estudo “Saneamento e a vida de mulher brasileira”, realizado  em 2016 pelo Instituto Trata Brasil e a BRK Ambiental.

Continue lendo em: https://projetoantonia.oblatassr.org/2020/04/03/simples-para-quem/

Fonte: Projeto Antônia – Rede Oblata em Santo Amaro – SP

Imagem Destacada de Susanne Jutzeler, suju-foto por Pixabay

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *