Salvador: Instituições atuam em rede enfrentando a crise causada pela pandemia

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A assistente social do Projeto Força Feminina em Salvador – BA, Simone Alves nos traz um olhar sobre a atuação da rede socioassistencial na cidade e reflete sobre a rotina das mulheres assistidas pelo projeto nesse momento de crise.

“Diante do contexto epidemiológico da pandemia do Coronavírus (COVID-19) no mundo, é possível observar um cenário transcendente à fatores biológicos e processos clínicos. O isolamento social é visto pelas gestões dos estados do Brasil como a principal saída de emergência, frente à expansão da pandemia do COVID-19 no mundo. Porém, importante salientar os impactos no tocante as questões relacionadas à classe, a raça e de gênero (DAVIS,2016) implícitos desde o surgimento dos primeiros casos registrados pelo Ministério da Saúde – o que será resultante partindo da compreensão maior do recorte de gênero.

No Brasil, é real que esta pandemia reflete em um maior impacto na vida cotidiana das mulheres solteira (em sua maioria), chefes de família, economicamente ativa, que depende diariamente da dinâmica do “dia a dia” para sobreviver. População esta que, quase em sua totalidade, encontra-se em situação de vulnerabilidade social e de extrema pobreza, frente ao contexto mundial da pandemia do COVID-19.

 A questão do isolamento social evidencia uma série de contradições. No atual cenário econômico,existe um número alto de pessoas desempregadas;inúmeras delas migrando para o trabalho informal, o que direciona para uma série de reservas durante os dias de confinamento, isso conta muito para mulheres que exercem a prostituição e consequentemente, enfrentam diretamente a pobreza; aquelas que precisariam estar em um local seguro para preservar sua saúde e a de seus filhos. Considerar a ausência de saneamento básico adequado, o que impossibilita essas mulheres de atender as orientações do Ministério da Saúde no tocante ao estado de quarentena.Entretanto, muitas delas dependem do “dia a dia” para conseguir clientes ou vender alguma coisa, para garantir o dinheiro da dormida em hotéis para sua família, ou ainda, garantir ser a primeira da fila na porta da associação comunitária de alguma igreja,ou ainda,esperar em umas das praças centrais da cidade (às vezes o dia inteiro) para garantir a noite um prato de sopa, pão e café.

Com o alerta do CODIV-19, a equipe do Projeto Força Feminina(uma Unidade da Rede Oblata Brasil em Salvador – BA) percebeu mudanças significativas na rotina diária das mulheres assistidas pela unidade em decorrência ao estado de isolamento social. Entende-se que essa pandemia tenha um recorte de classe, raça e gênero com impactos maiores na população em situação de vulnerabilidade, sobretudo, para as mulheres que dependem da fluidez do comércio para levar alimento para a mesa. A solidão tem sido uma condição muitas vezes cruel, já que, pela configuração do espaço das praças do centro da cidade de Salvador, conseguir dinheiro não era tão difícil como está sendo nos últimos tempos. As assistidas do PFF em depoimento para os educadores veem a rua e toda sua dinâmica, como lugar mágico e energético; lugar possível de comunicação constante vindas de todos os lados; onde brigas e desafetos muitas vezes, cede espaço para relações parceiras, momentos de fidelidade, amizade e de comunidade.  É preciso ter todo um jogo de cintura para viver da rua. É com vigilância constante que lidando diretamente com a rua e sua dinâmica se é garantido o sustento do dia. Durante o período de isolamento social por consequência do CODIV-19, algumas mulheres dizem se sentir sozinhas, não tendo até como se comunicar com amigos e parentes.”

Continue lendo em: https://ffeminina.oblatassr.org/2020/04/03/a-importancia-da-atuacao-em-rede-em-tempos-de-coronavirus-em-salvador-bahia/

Fonte: Projeto Força Feminina – Rede Oblata em Salvador -BA

Imagem Destacada de Gerd Altmann por Pixabay

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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