O primeiro módulo do curso “Prostituição: mudanças, autoimagens, confrontações e violências” abordou tema “Prostituição, conjuntura e imaginários sociais”, concretizando uma introdução sobre a história da prostituição, perfil das mulheres assistidas pela Rede Oblata, imaginários sociais, estigma, abordagem interseccional, dentre outros. Ressaltamos que o curso tem como objetivo possibilitar um processo de sensibilização social a respeito da prostituição e suas interfaces, com um recorte da atuação da Rede Oblata no Brasil.
Os cinco módulos foram pensados para se conectar e apresentar visões e discursos diversos que permeiam essa temática, focando sempre no atendimento socioassistencial e garantia dos direitos humanos das mulheres assistidas. Fernanda Lins trouxe à tona o contexto histórico da prostituição, passando pelo período colonial no Brasil e discorrendo sobre a prostituição no fim do Séc. XIX e XX, enfatizando que essa atividade pode ser multirrepresentada de acordo com o olhar que a descreve.
Foi também importante falar sobre imaginários sociais a partir dos próprios olhares da turma que está realizando o curso, e que respondeu a uma pergunta aberta no ato da inscrição. Este é um caminho para despertar a reflexão e entender que o diálogo é essencial. Faz-se necessário encontrar nas diferenças aquilo que nos une: a convergência na luta por justiça social, os desafios do Ser Mulher em um mundo patriarcal, o impacto do machismo e racismo na vida das mulheres, e o que podemos realizar, com o que está ao nosso alcance, para fazer a diferença.
Alessandra Gomes trouxe a linha interseccional, a questão do autocuidado e as dificuldades que as mulheres enfrentam para ter acesso a direitos básicos. Com base nos textos de Djamila Ribeiro, foi abordada a hierarquia das opressões, esclarecendo que “raça, gênero, classe e sexualidade se entrecruzam gerando formas diferentes de experienciar opressões”.
Durante o curso, as pessoas participantes trouxeram perguntas e comentários diversos. Destacamos alguns deles:
“é interessante esse olhar do estigma e da moral, porque de todas as prestações de serviços marginalizadas, precarizadas (trabalho doméstico, indústria têxtil, telemarketing) somente a prostituiçao necessita de intervenção no sentido de “acabar” com essa “violência”.
“Onde eu trabalho algumas mulheres me dizem no consultório que a vida delas não é fácil, mas, o dinheiro é rápido.”
“um rico debate que precisa ser bastante divulgado. romper o silêncio de que não é uma profissão. Mulheres invisibilizadas que precisam de acolhimento e lugares de fala.”
“A estigmatização contribui também para essa exclusão nesses direitos.”
“E trazer também a questão: por que os homens nunca são questionados? As mulheres na prostituição estão sempre expostas, julgadas e muita vezes têm as violações de seus direitos naturalizadas pela mesma sociedade que não questiona, mas consome dentro da indústria do sexo. Excelente exposição do tema, que é tão complexo e precisa ser dialogado!”
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