Acolhida Virtual: Espaço de Encontro e Partilha

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A palavra acolhida pode ter vários significados e ser aplicada em diferentes contextos. No dicionário significa “recepção que se faz a alguém: acolhida calorosa, fria”. Na Assistência Social significa “princípio básico de um atendimento humanizado em que são considerados os seguintes aspectos: ética do trabalhador social, condições institucionais para a realização do atendimento e comprometimento com a busca da resolutividade”.

Para a Pastoral da Mulher tem um sentido amplo, representa uma forma de transmitir amor durante o atendimento individual ou coletivo e está em consonância com a missão Oblata, que nasceu com o olhar dos nossos fundadores às mulheres que se encontravam à margem da sociedade. Está presente no cotidiano da instituição e significa ainda um estado de espírito, no qual podemos nos colocar próximo à assistida para ouvi-la e deixa-la se expressar na sua singularidade, em gestos e palavras, ou até mesmo no silêncio.

Na conjuntura atual tivemos que nos distanciar para praticar o cuidado com nossos irmãos e conosco. Esse afastamento físico nos levou a pensar estratégias de atendimento, a fim de continuarmos próximas as mulheres que atendemos. Assim desenvolvemos a atividade virtual intitulada “acolhida virtual”, com o intuito de acolher as assistidas de forma coletiva e criar uma oportunidade de encontro e partilha, diminuindo as distâncias por meio de recursos digitais.

Os encontros acontecem na plataforma Google Meet a cada 15 dias e tem como objetivo abordar temas formativos e informativos de forma socioeducativa, além de assuntos do cotidiano, favorecendo espaços de fala e reencontro. A acolhida virtual também possibilita à equipe compreender como as mulheres estão enfrentando esse período de pandemia da covid19, além de ouvir suas demandas para possíveis encaminhamentos.

Entre os temas abordados, trabalhamos boas-vindas ao ano que estava iniciando e a dinâmica de trabalho da Pastoral na modalidade remota; A importância do outro, do cuidado com aqueles que amamos; Orgulho de ser mulher, em alusão ao dia Internacional da Mulher, destacando mulheres que nos inspiram a continuarmos lutando por uma sociedade mais justa; Cidadania e Direitos sociais e a Campanha da Fraternidade 2021, enfatizando a importância do diálogo ecumênico.

Para a educadora Fernanda Nunes, “esse momento é importante porque é o resultado da busca pela continuidade do caminho que estávamos seguindo. É uma saída criativa com uma importância visível para as assistidas, as quais relatam em vários momentos que se sentem acolhidas, que é como uma segunda família e que demandam a presença da equipe. Esse momento se configura como um espaço leve, de interação positiva e de troca.”

A educadora social Iana Joane também destaca: “Considero esta uma atividade essencial dentro do nosso atual cronograma, visto que a mesma além de oferecer informações, proporciona um espaço de reflexão e partilha de vida. A atividade mantém e fortalece o contato com as assistidas durante o período restritivo por conta da pandemia. Mesmo em meio a tantas incertezas, seguimos acreditando em nossa missão e o momento da acolhida virtual não é só uma possibilidade de contato, mas é também uma maneira de dizer “estamos aqui com você”.

Os encontros virtuais trazem sempre reflexões, músicas, espiritualidade, e como vimos, é um momento em que equipe da Pastoral se sente “abraçada” e mais próxima das mulheres através do carinho mútuo, também expressado nas falas delas:

“Estou muito alegre de voltar a ver as carinhas de vocês meninas, mesmo que seja à distância…”  (M.I.).

“ esse momento virtual não é como o presencial, mas é bom porque nos vemos” (M.C. A.).

O processo de escuta gera afetividade, fortalecimento dos vínculos e motivação, permitindo que possamos compartilhar experiências de vida e fortalecer umas às outras.

“Preciso muito desse amparo, dessa assistência, dessa equipe da Pastoral e em meio a essa pandemia, nós não estamos conseguindo nos encontrar pessoalmente e graças a Deus tem esse encontro virtual. Mesmo às vezes eu não podendo participar por conta da internet não estar muito boa e o tempo corrido, mas, o importante é saber que sempre vai ter esse encontro, mesmo que a gente perca no dia, temos uma outra oportunidade, porque está marcado de 15 em 15 dias, para nós podermos expressar o que estamos passando, e eu sinto através da equipe da pastoral o amparo que nesse momento tem que ser virtual… eu, particularmente fico feliz em saber que as meninas estão ali e nesse encontro virtual poder vê-las e escutar as palavras que elas tem para nós…. O nosso rosto expressa o que estamos passando, a situação da gente, mesmo que a gente não diga, muitas vezes querendo esconder, o nosso rosto transcreve… (C.M.)

O processo de escuta gera afetividade, fortalecimento dos vínculos e motivação, permitindo que possamos compartilhar experiências de vida e fortalecer umas às outras. As acolhidas virtuais da Pastoral seguirão acontecendo conforme cronograma, acolhendo as mulheres com suas histórias e vivências, e proporcionando momentos gratificantes envolvidos de boas energias e otimismo.

Pastoral da Mulher – Unidade Oblata em Juazeiro/BA

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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