A DIMENSÃO COLETIVA DA ESPERANÇA

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Desculpem-me os desacreditados, mas precisamos falar de esperançar. Essa que segundo o dicionário é um verbo transitivo direto e pronominal que sugere dar ou ter esperança; animar(-se), estimular(-se), esperancear(-se).

Durante quase dois anos vivemos situações que nos empurraram para desacreditar na vida. Muitos de nós pensava apenas em sobreviver. Fomos impactados e pegos de surpresa diante de um vírus que pouco sabíamos ou sabemos. De repente todas as nossas certezas se foram, fechamos as portas, mudamos nossas rotinas e a nos foi imposta outra forma de viver.

O que era simples e corriqueiro tornou-se algo raro e caro. Sair com os amigos, caminhar na praça, na praia, nas calçadas, nas orlas… nossa que saudade! Tomar um café junto de quem gostamos… ah isso era tão bom!!! Não sabíamos o quanto! Orar juntos?  Tornou-se essencial.

Ficamos nos perguntando o que fazer.

Como chegar até as nossas mulheres? Como elas estão garantindo seu sustento? Será que elas tem o que comer hoje? E a prostituição, como estão exercendo? Será que elas já se vacinaram? E os nossos empregos? E a administração do nosso projeto?

Quantas perguntas e quantas incertezas…

Assim a resposta para a primeira pergunta é: Esperançar.

Movimentamo-nos juntas, aprendemos a exercer a esperança coletiva. Abrimos nossas janelas, quando nos vimos obrigadas a fechar as portas.

Fomos capazes de fazer o que era viável num primeiro momento, nos fortalecemos, estudamos juntas, nos aproximamos virtualmente. Criamos coisas novas dentro da triste realidade que se apresentava a nossa frente. E quanto as mulheres? Fomos ao seu encontro virtualmente.

Não nos conformamos, praticamos o que temos de melhor: nossa criatividade! Afinal fomos inspiradas em pessoas com extrema capacidade de serem criativas, audaciosas e esperançosas.

Seria contraditório dizer que pessoas como as Oblatas e leig@s Oblatas não temessem o novo, que não se ofendessem com as injustiças e discriminações sociais. Diante dos desafios somos criticamente esperançosas e buscamos a dignidade de cada mulher atendida.

Assim permanecemos juntas esperançando, construindo caminhos, derrubando muros, fazendo pouco a pouco.  Seria audacioso dizer, mas digo, o mundo está carente de Oblatas como nós, que mesmo com medo, caminham até onde ninguém quer ir.

Seguimos pisando no chão sem mesmo vê-lo, mas pisamos com fé na certeza que nossos fundadores viram o chão antes de nós, assim também o veremos.

E como diria Freire:

“O mundo não é, está sendo”… Assim sigamos esperançando...

Texto de Railane Delmondes – Educadora Social – Pastoral da Mulher – Rede Oblata em Juazeiro – BA

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais da Pastoral da Mulher – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 
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